O disco intervertebral funciona como “amortecedor” aos impactos e carga sustentada pela coluna. A degeneração ou desgaste do disco inicia cedo, por volta dos 30 anos de idade. A partir dessa época, um exame de ressonância magnética já pode detectar algum abaulamento, lesão discal ou protrusão, mais comumente nos níveis lombares baixos (L4L5 e L5S1), que tem maior movimento e sustentam mais carga.
Ter alguma degeneração do disco intervertebral, não necessariamente significa ter dor na coluna ou irradiada para os membros inferiores, milhares de indivíduos tem alterações nos exames de imagem e são assintomáticos, portanto não é sempre que se deve responsabilizar uma protrusão discal vista num exame, por qualquer dor na coluna que venha apresentar durante a vida, existem outras estruturas que podem ser responsáveis pelo sintoma.
No entanto, uma hérnia de disco pode sim gerar dor lombar quando a lesão for aguda ou um disco degenerado sofrer sobrecarga, causando inflamação. Além disso, a hérnia de disco também pode comprimir alguma raiz nervosa e causar dor irradiada para o membro inferior, a famosa dor ciática ou ciatalgia, e quando associada a dor lombar, chamada de lombociatalgia.
O nervo ciático é formado por raízes nervosas que saem da coluna na região lombossacra, quando uma dessas raízes é comprimida por uma hérnia de disco, apesar do problema estar na coluna, a dor é irradiada para o glúteo e membro inferior, podendo estar acompanhada de alteração da sensibilidade (amortecimento, formigamento, anestesia…) e diminuição da força em determinado grupo muscular.
O tratamento da hérnia de disco lombar só requer cirurgia imediata em 2 situações: na síndrome da cauda equina, quando uma hérnia de grande dimensão comprime todo o canal e o indivíduo apresenta anestesia em sela (região do períneo e interna das coxas), disfunção do controle para urinar ou evacuar e perda de força; ou quando a perda de força de um determinado grupo muscular é tão importante que gera incapacidade para movimentação. Essas 2 situações são bem raras, mas requerem tratamento cirúrgico de urgência para minimizar possíveis sequelas.
Geralmente existe bastante espaço para o tratamento não cirúrgico das hérnias de disco lombares, esse tratamento consiste no uso de medicação específica, fisioterapia para controle da dor e posteriormente, fortalecimento e acupuntura. Na fase aguda, é recomendado evitar as posições que causam maior desconforto e carregar peso, principalmente com o tronco fletido. Quando o indivíduo não evolui bem com esse tratamento e a dor segue incapacitante, indica-se o tratamento cirúrgico.
Nos casos de pequenas hérnias que não respondem ao tratamento clínico, ainda se pode tentar um bloqueio da raiz acometida. Esse procedimento consiste em infiltrar uma pequena quantidade de anestésico e corticoide ao redor do nervo e disco acometido, na tentativa de desinflamar o local. Para casos bem selecionados, esse procedimento tem alta taxa de sucesso. Com a melhora da dor, o paciente evolui melhor na fisioterapia, podendo evitar a cirurgia aberta.
Para hérnias que causam maior compressão e não responderam ao tratamento clínico, a melhor alternativa é a microdiscectomia, que consiste na descompressão da raiz acometida por meio da retirada do fragmento de disco degenerado que estava causando efeito compressivo. Atualmente esse procedimento é considerado simples, com abordagem focada somente no nervo acometido. O procedimento cirúrgico dura, aproximadamente, 2 horas e o paciente pode caminhar no mesmo dia e ir de alta hospitalar no dia seguinte. Não há necessidade de colocar nenhum implante no lugar do fragmento retirado, já que este estava degenerado e corresponde a pequena parcela do volume do disco (inferior a 10%).
A recuperação da microdiscectomia costuma ser tranquila, o paciente não precisa ficar acamado, mas deve evitar esforço físico, principalmente nos primeiros 10-14 dias, até retirar os pontos e iniciar fisioterapia, nessa época, também pode voltar a dirigir.
Atletas tem uma taxa aproximada de retorno a prática esportiva profissional, de 90% num período de 6 meses. A evolução da técnica cirúrgica para tratamento da hérnia de disco, tornou esse procedimento mais simples e menos invasivo, com excelentes resultados.
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